Pai do jogador Walter saiu para comprar cigarros e sumiu; sua roupa foi achada no lixo
José Amaro saiu para comprar cigarros e sumiu, ele é pai do atacante Walter, ex-fluminense. Foto: Divulgação |
Um longo mistério envolve a
família do atacante Walter, que já passou pelo Fluminense e hoje joga na
segunda divisão do futebol brasileiro pelo CSA, de Maceió, Alagoas. Seu pai, o
aposentado José Amaro Ferreira está desaparecido desde que anunciou, no sábado
de carnaval, que sairia de casa para comprar cigarros e nunca mais voltou.
Naquele dia, por volta das
19h30, José estava na casa da mãe de Walter, perto da praia de Boa Viagem, no
Recife. Os dois são separados desde que Walter tinha 12 anos, mas sempre
mantiveram uma relação amistosa. Assistiam aos desfiles de carnaval pela
televisão quando José afirmou que desceria do apartamento para procurar uma
loja que vendesse cigarro.
José tem 69 anos. Edith
Maria, de 61, tentou demover o ex-marido da ideia, mas não conseguiu. O pai de
Walter não voltou no domingo, nem na segunda. Preocupada Edith telefonou a um
de seus filhos para saber se ele tinha notícias. Não tinha. Na terça-feira, dia
13 de fevereiro, a dona de casa foi à delegacia registrar um boletim de
ocorrência.
Procuraram
em hospitais e no Instituto Médico Legal, mostraram fotos de José, apelidado de
"Boy", a moradores dos locais onde ele poderia ter passado, mas
encontraram poucos vestígios.
Quase
quatro meses depois, os policiais da delegacia de desaparecidos do Recife não
têm muitas informações sobre o paradeiro de José Amaro, que trabalhou a vida
inteira na limpeza pública da cidade.
"A
Polícia Civil de Pernambuco informa que instaurou inquérito para apurar o
desaparecimento de José Amaro Ferreira", escreveu a corporação em nota à
reportagem. "De acordo com informações preliminares colhidas ao longo da
investigação pela Delegacia de Desaparecidos e Proteção à Pessoa (DDPP), ele
teria sido visto pela última vez em um bar na comunidade do Bode, no bairro do
Pina, zona sul do Recife. A Polícia também fez buscas por José Amaro no
Instituto de Medicina Legal (IML) e nos hospitais de Pernambuco, mas ele não
foi localizado. O inquérito está sendo conduzido pelo delegado Ian Campos, que
continua realizando buscas para localizar José Amaro."
"O
problema do meu pai é a bebida", disse Walter em uma entrevista por
telefone de Maceió. Em abril o atacante que tem contrato com o Porto de
Portugal resolveu rescindir seu empréstimo ao Paysandu, de Belém do Pará, para
fechar com o CSA, alegando que assim poderia ficar mais perto das buscas por
seu pai. Maceió e Recife são distantes 257 km, uma viagem de menos de quatro
horas em carro.
Acontece
que, exceto por algumas incursões pela comunidade levadas a cabo pela própria
Edith Maria, as buscas por José são praticamente inexistentes. Além dela e do
dono do bar, a polícia não ouviu outra testemunha que pudesse dar mais
informações sobre o caso. "A maioria dos desaparecimentos se resolve
naturalmente com a volta da pessoa sumida", disse o delegado Ian Campos,
responsável pelo inquérito. "Poucos desaparecimentos se convertem em
crimes."
Mostrando
a foto de José no bairro, Edith Maria e um dos irmãos de Walter conseguiram
algumas pistas. Um conhecido da família disse ter visto alguém parecido com
José Amaro caminhando pelas ruas com pedaços de papelão na mão, barbudo e com
roupas rotas.
Vasculhando
as ruas da região, Edith encontrou jogada na frente de um barracão e perto de
um monte de lixo, a camiseta preta que José usava na noite em que sumiu.
"Ela tava inteira suja e fedendo muito", disse ela, por telefone,
durante uma temporada ao lado de Walter. "Mas tenho certeza que era a
camisa dele. Como fedia muito, joguei fora."
A
família recebeu também uma pista que parecia promissora: José havia sido visto
em Ribeirão, uma cidade a 87 km de Recife. Edith conseguiu uma carona até o
município. "Quando cheguei lá descobri que era trote", disse ela.
"A
gente está tentando caçar ele", disse Walter antes de um jogo do CSA pela
Série B do Brasileiro. "Mas a comunidade lá é muito perigosa, minha mãe
fica com muito receio de ir lá sozinha. Meu pai é muito inteligente, sabe ler,
o problema dele mesmo é essa questão da bebida. Eu acho que ele deve estar por
aí, na rua."
Uma equipe jornalística, colocou em contato o atacante com o delegado Ian
Campos, que gostaria de ouvir o filho pela primeira vez para ter mais
informações que possam ajudar a encontrar o pai. Eles marcaram um encontro no
Recife, mas, por causa da greve dos caminhoneiros do fim de maio, o atacante
não conseguiu viajar.
Walter
acredita que a polícia poderia solicitar imagens de câmeras de segurança da
região onde José Amaro foi visto pela última vez. A polícia, por enquanto, não
tem planos de fazê-lo.
Por Adriano
Wilkson
Da
Redação
Blog Pão de AçucarNET / Notícias e Informações com Imparcialidade
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